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Boitatá2018-12-29T22:11:49+00:00

Project Description

A relação das comunidades remanescentes de quilombos com a terra está diretamente relacionada à própria definição da identidade destes grupos. A terra é o elemento fundamental e que singulariza o modo de viver e produzir e a partir de onde se constituem as relações sociais, econômicas, culturais e são transmitidos bens materiais e imateriais. “Ancestralidade, resistência, memória, presente e futuro sintetizam o significado da terra para essas comunidades, fortemente marcadas pela tradição e respeito aos bens naturais como fonte garantidora de sua reprodução física, social e econômica.” (PBQ)

No entanto, e em que pese a relação harmônica que estas comunidades historicamente estabeleceram com o ambiente natural, vemos hoje que esta relação com a terra vem se desgastando a cada dia. Muitos jovens quilombolas já não desejam permanecer em suas comunidades e o êxodo rural, em direção às periferias dos centros urbanos, é cada vez maior.

Por outro lado, as técnicas de cultivo utilizadas não são capazes de fazer a terra produzir o suficiente para que a comunidade desfrute de um mínimo de segurança alimentar; e o uso indiscriminado de agrotóxicos tem provocado a deterioração da saúde de todo o grupo social.

A dificuldade de acesso destas comunidades ao conjunto de políticas públicas disponibilizadas hoje pelos governos federal, estaduais e municipais, agrava ainda mais a situação. Exemplo disso, por exemplo é a persistência de centenas de casos de indocumentados, cidadãos que não contam com o registro básico de nascimento e, consequentemente não contam com título de eleitor. Trata-se, portanto, do que poderíamos chamar de uma cidadania de segunda classe.

A mesma Chamada Nutricional citada anteriormente revela que a escolaridade das mães afeta o percentual de desnutrição das crianças, ou seja, quanto menos estudo tem a mãe, maior a chance de seus filhos estarem desnutridos. Além disso, como vimos, a utilização do agrotóxico afeta o ciclo reprodutivo e a saúde das mulheres.

No que tange à atividade agrícola, estes trabalhadores rurais não contam com um mínimo de assistência técnica, capacitação e orientação sobre técnicas produtivas nem sobre como participar de programas públicos como o PAA e o PNAE.

É com o intuito de reverter este quadro que o presente projeto pretende atuar, buscando aumentar a produtividade da terra, por meio do resgate de técnicas tradicionais menos agressivas e da disseminação e implementação de novas tecnologias sociais baseadas na agroecologia, agricultura biodinâmica e natural e na permacultura. Assim, a terra será capaz de gerar alimentos suficientes e naturais para a correta alimentação da comunidade, com possibilidade de gerar excedentes que podem ser comercializados, gerando renda para os trabalhadores rurais quilombolas.