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Turma do Quilombo2018-12-31T22:59:04+00:00

Project Description

A sociedade civil organizada conquistou e consolidou espaços de participação na formulação e no controle das políticas públicas por meio das conferências e dos conselhos.
A 9ª Conferência Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes definiu que, dos 16 adolescentes participantes, necessariamente 1 deveria ser portador de deficiência e 5 representantes da diversidade sociocultural brasileira, no que se refere a comunidades tradicionais, assentamentos, minorias, etc.
Se por um lado, esta ação afirmativa propicia a pluralidade de vozes nesses espaços de discussão e deliberação, por outro, traz à tona a dificuldade que estes grupos minoritários e excluídos encontram para participar deste tipo de espaço de construção da democracia.
Um jovem quilombola, que não conta com serviços básicos de saúde, educação e saneamento básico, dificilmente também têm acesso a qualquer tipo de formação em direitos humanos, ficando privado de instrumentos que lhe permitiriam a reflexão crítica sobre a própria situação em que se encontra.
Da mesma forma, as entidades da sociedade civil constituídas por quilombolas ou voltadas para o atendimento das comunidades tradicionais de matriz africana raramente contam com estrutura e capacitação suficientes para o desenvolvimento de ações de formação mais ampla em direitos humanos, estando mais voltadas para ações que buscam mitigar problemas mais imediatos e específicos.
A disseminação dos temas dos direitos humanos, por sua intrínseca característica de transversalidade, apresenta-se como estratégia fundamental para a promoção da reflexão sobre a própria situação política, social e cultural. Da mesma forma, o fomento aos processos participativos abre espaço para a construção coletiva da emancipação.
No entanto, para que um projeto desta natureza alcance o objetivo esperado, ele deve ser totalmente desenhado para o contexto e as especificidades culturais das comunidades nas quais será desenvolvido.
Neste sentido, é importante frisar que estamos lidando com grupos de crianças e adolescentes com altíssima taxa de evasão escolar, decorrentes da dificuldade de acesso; da forma de ensino, caracterizada em geral por escolas multisseriadas, e do material didático não voltado para o contexto cultural destas comunidades.
O ensino formal, portanto, não se apresenta como melhor estratégia para a disseminação da temática dos direitos humanos nestas comunidades, tornando necessária a elaboração de novas metodologias mais inovadora e aderentes ao contexto em questão.
Este foi o desafio enfrentado por este projeto e que envolveu a elaboração de materiais pedagógicos e de comunicação inovadores e metodologias lúdicas e participativas.